Sabemos que está
cada vez mais difícil despertar nas crianças o hábito da leitura, o prazer de
ler, imaginar histórias e escrever, conseguindo externar seus sentimentos, suas
impressões, suas opiniões, etc. Elas preferem estar à frente da TV, do vídeo
game ou do computador, onde tudo está pronto, muito bem elaborado, cheio de
efeitos fantásticos.
Porém, embora a
tecnologia e a globalização tenham papéis importantes no desenvolvimento
cultural, não podemos permitir que os livros e a literatura fiquem para a
criança como algo chato, obrigatório, desestimulante. Trabalhar com a
literatura deve ser prazeroso, interessante e criativo.
Histórias e
faixas etárias
Detalhes
importantes para a seleção das histórias
1. Para
trabalhar com uma história devemos gostar dela. Do contrário, o trabalho não
será agradável, será cansativo e a criança perceberá a falta de entusiasmo do
educador e também não se sentirá entusiasmada. É importante que a história seja
lida antes e, caso não agrade, deve-se trocá-la por outra, que contenha o mesmo
objetivo procurado e que agrade. Não faltam ótimas histórias e excelentes
autores.
2. Verificar
se a história está adequada à idade e a realidade da criança. Algumas coleções
já trazem a faixa etária indicada.
3. Observar
se a história tem um conteúdo rico e interessante que possa dar margem a um bom
trabalho.
4. Perceber
se as ilustrações são boas. Às vezes, uma história excelente pode não ser bem ilustrada.
Tem-se a opção de sugerir que as próprias crianças criem ilustrações para a
história.
5. Em
todas as idades é sempre interessante trabalhar com temas associados a
realidade de cada turma.
Contos de fadas
Os contos de fadas
são histórias originadas na tradição popular e que vêm atravessando gerações e
gerações sem modificar a sua estrutura básica. Isto acontece porque estes
contos partem das emoções naturais do ser humano, que são transformadas em
personagens imaginários de um mundo de fantasia, que somos nós, o nosso mundo
interior.
É por isso que
somos tocados tão profundamente por estes contos, às vezes levando-nos de forma
inconsciente, a buscar durante toda a vida por situações semelhantes.
Exemplo: a procura
eterna da “Cinderela” ou de um “Príncipe Encantado”.
Essa observação é
para chamar a atenção para a importância da seleção dessas histórias
Existe o momento
certo no desenvolvimento da criança para a introdução de cada um desses contos,
de acordo com sua maior ou menor complexidade, pois sua estrutura básica não
deve ser modificada. Por exemplo, não se pode transformar o “lobo mau” em “lobo
bom”, anulando assim a sua função na história, que no caso, seria a de
entrarmos em contato com os medos e as dificuldades para, então, conseguir
vencê-los.
É realmente
importante que tomemos cuidado ao trabalhar com contos de fadas para que não
seja prejudicada a riqueza dos resultados que podem ser alcançados.
Atividades a
partir da história
Uma vez que a
história já tenha sido escolhida e o tema seja adequado, basta usar a
criatividade e trabalhá-la até esgotar as possibilidades. Infelizmente, a forma
de utilização dos livros de leitura nas escolas, na maioria das vezes, não tem
sido a ideal.
As
crianças leem o livro para fazer uma prova de interpretação. Esse
procedimento ao invés de despertar o interesse pela leitura acaba por fazer
dela uma obrigação, uma coisa chata e repetitiva e até sem sentido, já que uma
prova não é suficiente para avaliar alguém, ainda mais em se tratando de um assunto
tão subjetivo como a interpretação.
A ideia é
tornar interessante e divertida esta parte importante do aprendizado.
É fundamental
que as crianças sejam ouvidas. Cada criança terá a sua impressão pessoal sobre
a história, que nem sempre será positiva e isto deve ser respeitado e, nesse
caso, deve-se trabalhar no sentido de levar a criança a identificar o que não
agradou e permitir que ela crie novas soluções para a situação, observando que
de alguma forma a situação está presente em sua vida.
Não só a leitura
é importante, mas também criar histórias, crônicas, letras de musicas, poesias.
Referência
ABRAMOVICH, Fanny.
Literatura infantil: gostosuras e bobices. Editora Scipione, 1991.
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