Ensine os professores de todas as
disciplinas a desenvolver a competência leitora nos alunos
Mais sobre procedimentos de leitura
Bibliografia
•Texto Alguns Procedimentos de Apoio à
Leitura
•Texto de Isabel Solé, com grifos e
comentários
•Fichamento completo do texto O Resumo,
de Isabel Solé
•Lista de textos de apoio sobre
procedimentos de estudo
Entrevista
•Para Isabel Solé, a leitura exige
motivação, objetivos claros e estratégias
Resenha
•Estratégias de Leitura, de Isabel Solé
Reportagens
•Roger Chatier - O especialista em
história da leitura
•O desafio de ler e compreender em
todas as disciplinas
Artigos
•A língua em todas as disciplinas
•Trabalho integrado para ensinar a ler
Vídeos
•Delia Lerner fala sobre a leitura e a
escrita em contexto de estudo
•Oficina de incentivo à leitura
•A importância dos clássicos da
literatura
Saber ler é uma habilidade necessária
para aprender e, por isso, os professores de todas as disciplinas devem ter
como foco de seu trabalho desenvolver a competência leitora nos alunos. Este
encarte - desenvolvido com exclusividade para NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR por
Claudio Bazzoni, assessor de Língua Portuguesa da Secretaria Municipal de
Educação de São Paulo - traz o primeiro módulo do projeto Ler em Todas as
Áreas. Com ele, será possível criar na escola alguns procedimentos comuns para
que todos se tornem leitores eficientes.
Projeto Ler em Todas as Áreas - 1º
módulo
Objetivo geral: Formar professores de
todas as áreas, do 6º ao 9º ano, para o trabalho de leitura e o ensino de
procedimentos de estudo.
Objetivos específicos
- Ensinar o aluno a estudar.
- Discutir situações didáticas de
leitura em contexto de estudo.
- Refletir sobre estratégias que
favoreçam o domínio de algumas práticas de linguagem ligadas ao estudo.
- Ter contato com bibliografia sobre
gêneros de apoio à leitura.
Conteúdos do 1º módulo
Grifar textos e fazer fichamentos.
Tempo estimado
Três meses.
Material necessário
Cópias do texto Alguns Procedimentos de
Apoio à Leitura e o texto O Resumo, de Isabel Solé, do livro Estratégias de
Leitura, Ed. Artmed.
Desenvolvimento
1ª etapa - Debate
Para mobilizar os professores para o
trabalho de leitura e procedimentos de estudo, comece discutindo as
representações que eles fazem das dificuldades que os alunos apresentam na hora
de estudar. Proponha um debate que parta de questões como:
- Os alunos sabem estudar? Por quê?
- Que representações eles fazem do
estudo?
- É possível ensinar procedimentos de
estudos? Quais? Como ensiná-los?
- Quais procedimentos já foram
ensinados?
Peça que os professores trabalhem em
duplas e apresentem as conclusões a que chegaram para o grupo. Em seguida,
organize um quadro com as respostas.
2ª etapa - Leitura compartilhada
As diversas visões sobre o que é um
resumo ou um fichamento certamente levam a diferentes maneiras de ensinar a
produzir esses gêneros. Essa diversidade, na mesma escola, pode fazer com que o
aluno se perca em meio a uma confusão de orientações e expectativas. Para
leitores em formação, o melhor é repetir procedimentos e insistir neles.
Conduza a reunião da seguinte forma:
1. Forme grupos de no máximo três
professores e peça que escrevam em papel craft ou cartolina as repostas às
questões:
- O que é resumo? Que estratégias são
boas para ensinar a resumir?
- O que é fichamento? Que estratégias
são boas para ensinar a fichar?
- O que é esquema? O que é diagrama?
Que estratégias são boas para ensinar fazer esquemas e diagramas?
- Como ensinar o aluno a grifar textos?
- O que é paráfrase?
- Quando fazer paráfrases e quando
fazer resumos?
2. Discuta coletivamente as respostas
dos professores, observando pontos comuns, divergências e incongruências.
Durante o debate, é importante que todos percebam a necessidade de definir
caminhos para ensinar a produzir os gêneros de apoio à leitura. É hora também
de refletir sobre o papel da mediação do professor: não basta pedir aos alunos
que grifem os textos ou façam resumos - é necessário ensinar-lhes como se faz.
3. Tire cópias do texto Alguns
Procedimentos de Apoio à Leitura, distribua aos professores e peça que eles
leiam e retomem os cartazes. Com uma caneta de outra cor, solicite que
acrescentem as novas informações que consideraram relevantes.
4. Completados os cartazes, peça que
cada grupo exponha as conclusões.
3ª etapa - Grifar textos
Retome a discussão da etapa anterior.
Apresente a síntese do que foi discutido até então, dando ênfase às estratégias
que já apareceram no grupo para ensinar a elaborar os gêneros de apoio à
leitura. Nesta etapa, proponha algumas práticas de linguagem para o grupo,
começando com grifar e sublinhar textos. Fazer com os professores atividades
assim é a melhor maneira de combinar os procedimentos que devem ser adotados em
sala de aula e tomá-los como objeto de reflexão. Assim, o professor vivencia a
condição do aluno e depara-se com dificuldades que seguramente aparecerão em
classe. É fundamental que a equipe perceba que grifar um texto não pode ser
considerado uma atividade espontânea. Trata-se de uma construção escolar na
qual o docente deve intervir ativamente. Escolha um dos textos da bibliografia
de apoio para, junto com os professores, ler e grifar os tópicos essenciais com
a finalidade de produzir um fichamento. Vale lembrar que resumir é uma
atividade bastante usual para quem estuda e grifar ou sublinhar é a primeira
fase para selecionar as ideias que farão parte dessa produção. Conduza a
reunião da seguinte forma:
1. Organize os docentes em duplas, que
é uma maneira interessante de trabalhar por permitir o debate e a negociação
das passagens a ser grifadas.
2. Providencie para cada dupla o texto
escollhido. A sugestão para esta atividade é O Resumo, de Isabel Solé (veja no
quadro abaixo).
3. Lembre com os professores os passos
que devem ser evitados e os que devem ser perseguidos na atividade de grifar,
de acordo com o material trabalhado na etapa anterior.
4. Os grifos devem ser feitos com
lápis.
5. Explique que o objetivo do exercício
é marcar as passagens que apresentam o processo mediante o qual, segundo a
autora, é possível elaborar um resumo. Veja abaixo um exemplo de como um texto
pode ser grifado, com alguns comentários:
O Resumo Isabel Solé
A elaboração de resumos está estreitamente
ligada às estratégias necessárias para estabelecer o tema de um texto, para
gerar ou identificar sua ideia principal e seus detalhes secundários.
Você poderia, neste momento, dizer qual
é o tema deste capítulo? Poderia identificar as principais ideias que ele
transmite? Considera que dispõe, com os passos anteriores, de um resumo do que
leu até este momento?
É provável que você considere que
"quase" tem o resumo, mas não totalmente: ou, em outros termos, que a
identificação do tema e das ideias fundamentais presentes em um texto lhe dão
uma base importante para resumi-lo, porém este - o resumo - requer uma
concretização, uma forma escrita e um sistema de relações que em geral não
derivam diretamente da identificação ou da construção das ideias principais.
Comentários
No primeiro parágrafo, a autora
apresenta as relações entre resumo, tema e ideia principal. Observe que termos
acessórios (como advérbios) podem ser dispensados. A expressão "ideia
principal" abarca "detalhes secundários".
Não é necessário grifar nada no segundo
parágrafo. A autora apenas provoca o leitor, para interagir com ele.
No terceiro, continua a interpelação,
mas no fim aparece uma informação nova - a de que o texto do resumo pode não
derivar diretamente da identificação ou construção das ideias principais.
Veja o texto de Isabel Solé com grifos
e comentários.
4ª etapa - Revisão dos grifos
Discuta com os professores o exercício
da etapa anterior. O que eles grifaram? Por que destacaram determinadas
passagens em detrimento de outras? É importante que todos tentem explicitar os
critérios adotados e que se chegue a um consenso do que deveria ser grifado. Em
função da discussão, os professores podem apagar o que marcaram
desnecessariamente ou grifar passagens do texto que não tinham sido sublinhadas.
5ª etapa - Fichamento
Proponha que os docentes organizem e
registrem as informações elaborando um fichamento. Essa atividade começa com a
retomada do objetivo de leitura proposto e com a releitura do que foi grifado.
Num fichamento, é importante aparecerem a referência bibliográfica, a
explicitação do tema, as informações essenciais sobre questões específicas e as
observações complementares. Apresente o seguinte modelo para a elaboração do
fichamento:
Referência bibliográfica
Tema do texto:
Ideias importantes:
Observações complementares:
6ª etapa - Discussão das produções
Dedique esta etapa à socialização dos
trabalhos, conversando sobre as dificuldades enfrentadas. Eles vão perceber que
para fazer o fichamento com base em grifos é necessário reorganizar o texto,
observando o uso dos elementos coesivos e a coerência textual. É preciso
observar ainda se o fichamento preserva o significado do texto do qual procede
e se as informações registradas atendem ao objetivo específico de leitura.
7ª etapa - Planejamento do professor
Inicie esta etapa retomando os
procedimentos propostos para grifar e fichar textos. Solicite que cada
professor escolha um texto de sua área que pretenda trabalhar em sala de aula
para que eles mesmos façam os grifos e o fichamento. Esse exercício é
fundamental para que os docentes se apropriem das atividades que posteriormente
proporão à turma e antecipem o trabalho que pretendem desenvolver. Será
possível perceber as dificuldades que os alunos enfrentarão, as ideias que
podem ser escolhidas como principais e, principalmente, os critérios que serão
adotados para marcar ou não passagens do texto. Esta etapa e a seguinte
ocuparão mais de um encontro.
8ª etapa - Exercício do professor
Nas últimas reuniões, distribua a todos
cópias dos textos escolhidos na etapa anterior. Cada docente deve mostrar como
grifou e elaborou o fichamento e apresentar uma atividade ou sequência de
atividades de leitura, discutindo os propósitos leitores com os colegas. Ao
término das discussões, colha as impressões dos professores e estimule-os a
trabalhar com os alunos os procedimentos de estudo que foram exercitados.
Fonte: Nova Escola - Edição 006
Fevereiro/Março 2010
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