A educação inclusiva tem sido objeto de muita
polêmica no meio educacional. Nesse sentido, o livro Inclusão e
educação: Doze olhares sobre a educação inclusiva, organizado por
David Rodrigues, contribui com análises e reflexões para discussão sobre essa
temática que por ora tem sido muito questionada. Os doze olhares referem-se a
doze artigos, sendo seis de autores portugueses e seis de autores brasileiros.
Esta obra foi idealizada por David Rodrigues em 2004, tendo como objetivo
formar opiniões, questionar algumas ideias e mudar posições a partir de um
outro olhar.
O organizador do livro traz na apresentação uma
breve exposição de como a exclusão se tornou uma “epidemia social” e
destaca a priori três causas que levariam as pessoas a se
sentirem discriminadas e afastadas dos bens fundamentais da sociedade. A
primeira deve-se ao fato de nossa sociedade ter confrontado com o aumento das
reivindicações de condições de vida digna; a segunda refere-se às culturas
competitivas desenvolvidas pelas diferentes sociedades. E a terceira está
associada a fatores culturais que propagam a ideia de que a diferença é
perigosa. O organizador considera importante distinguir duas dimensões da
inclusão: a essencial e a eletiva. A inclusão essencial prende-se aos direitos
humanos com uma acepção básica de justiça social, em que a participação do
cidadão em todos os serviços da sociedade seja garantida. A inclusão eletiva
considera o direito que a pessoa tem de optar pela recusa da inclusão que lhe é
oferecida. No entanto, ainda não é possível fazer tal opção, já que as
alternativas não estão resolvidas.
Os autores de Portugal e do Brasil, embora tenham
como opção modelos educacionais inclusivos permeados por realidades distintas,
trazem contribuições muito interessantes. O primeiro artigo, “A inclusão que é
‘nossa’ e a diferença que é do ‘outro’”, de Carlos Skliar, pesquisador da área
da educação da Faculdade Latino-americana na Argentina, faz referência às
mudanças educacionais que estão sendo produzidas sob alguns argumentos, que
merecem destaque. A possibilidade de questionar esses argumentos e propor
outros é que pode promover alguma mudança.
O autor propõe pensar na complexa relação e até
mesmo na oposição entre a questão do outro e a obsessão pelo outro a partir de
discursos e representações. Por meio de uma análise do discurso filosófico
desde a Antiguidade, citando Aristóteles, Kant e Hegel, buscou verificar o que
estes consideravam ou como definiam a “diferença”; depois caminhou para autores
recentes, como Deleuze e Jacques Derrida, chamando a atenção para a obsessão
pelo outro, no que se refere à transformação do outro em outro específico,
material, marca identitária, existindo a obsessão de torná-lo o mesmo, mesmo que
este outro não seja nunca o mesmo, mas é nossa obsessão traduzir, inventar o
outro. E a partir desse ponto de vista, questiona a escola, se o que tem feito
é discutir a questão do outro ou preocupar-se com a obsessão pelo outro. O
autor não hesita em afirmar que a educação especial, assim como a geral, tem se
preocupado com obsessão pelos “diferentes”. E, aprofundando o assunto, explica
que o conceito de “diferente” responde a uma construção, a uma invenção e a um
diferencialismo do tipo racista, enquanto as “diferenças” são simplesmente
diferenças, nem melhor, nem pior. Mas traduzir algumas “diferenças” em
“diferentes” indica oposição, que se centra na negação e fabrica o correto, o
melhor, e assim por diante. Julga necessário separar rigorosamente, a “questão
do outro”, que é uma questão filosófica relacionada à “obsessão pelo outro”,
que é uma questão política. O autor finaliza seu texto imaginando uma formação
orientada a fazer com que os professores possam conversar – no
sentido da alteridade, em que seja possível outorgar aos professores sentidos e
sensibilidades.
O segundo artigo “Um (novo) olhar sobre a formação
do professor de educação especial: da segregação à inclusão”, de Fátima Denari,
professora da Universidade Federal de São Carlos, tem como objetivo discutir a
formação do professor levando-se em conta a história que a profissão docente
ocupou durante as relações de produção. Ressalta a importância de ações
formativas que favoreçam a formação dos futuros docentes para uma educação que
vise à formação do cidadão. Considera ainda que tais ações dependem da
organização e das possibilidades de gestão interna de cada instituição, além de
mencionar que processos de inclusão educacional requerem procedimentos
específicos para o desenvolvimento da atividade docente em se tratando de salas
com maior ou com menor número de alunos, ou que exijam atenção individualizada.
Comenta que abordar o tema “formação de professor”
é uma questão pontuada por dificuldades, as quais aumentam quando se observa as
mudanças ocorridas a partir do ano 1970, que pontuavam a necessidade de renovar
os planos de formação destinados aos docentes da educação, referindo-se
inclusive aos da educação especial. A autora retoma legislação básica e tece
comentários muito interessantes sobre o que cada lei determina a respeito da
educação especial, suas controvérsias, dificuldades e o papel do Estado. Aponta
o caráter discriminatório e segregador das leis; a compreensão inadequada da
educação especial como sinônimo de educação básica, além de o Estado se eximir
de assumir a responsabilidade pela educação no que se refere ao tratamento
especial e à natureza dos serviços a serem oferecidos aos portadores de
necessidades especiais, além de outras questões. Fátima Denari registra a
experiência da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, a Resolução n. 95
que dispõe sobre o atendimento de alunos com necessidades especiais por meio
dos Serviços de Apoio Pedagógico Especializado (Sapes), que estabelece critéros
sobre os docentes habilitados para atuarem nesses serviços, enfatizando o
pioneirismo do estado quanto à formação do professor para atuar na educação
especial, além de poderem trabalhar em classes do ensino comum e inclusivo.
Conclui que a resolução das desigualdades e das diferenças ocorre concomitante
com a aceleração da profissionalização e do aumento das competências
pedagógicas e didáticas do docente, de forma que haja uma base comum entre
educação e educação especial.
No artigo “Inclusão social e a ‘escola reclamada’”,
António M. Magalhães e Stephen R. Stoer, professores da Faculdade de Psicologia
e de Ciência da Educação da Universidade do Porto, procuram analisar o papel
atribuído à escola como instância de inclusão social e lembram que sociólogos
afirmam que a escola não surgiu, no seu desenvolvimento histórico, como projeto
central de inclusão social. A idéia de incluir sob o ponto de vista escolar era
“compensar” as diferenças socioculturais advindas do sistema de classes. E
devido ao contexto de um Estado invadido pelas lógicas do mercado, a inclusão
social deixou de ser objeto político e passou a ser uma arena de pessoas a
serem consideradas, como é o caso dos ciganos em Portugal, que têm voz cada vez
mais audível, e não se trata de uma voz política, mas uma voz reclamada, baseada
em sua identidade sociocultural. Dessa maneira, os autores, apontam que a
educação escolar aparece mais como algo dos sujeitos que vão se afirmando do
que como um privilégio. Compreendem que a exclusão parece ter crescentemente
uma natureza mais sociocultural do que econômica, o que leva a distingui-la da
desigualdade. Observam que em alguns países, os indicadores de pobreza
melhoraram, enquanto a exclusão social não seguiu os mesmos padrões. O artigo,
em um primeiro momento, discorre sobre a lógica do mercado em que, por meio de
um espaço global, os indivíduos, independente de suas diferenças, são incluídos
como consumidores. Nisso reside um paradoxo, que observam: o fato de a inclusão
ter como base a erradicação das diferenças. Nesse caso, ser incluso implica ser
incluído como consumidor. A educação nesse contexto é compreendida como
competências. Em um segundo momento do texto, mostram como as relações de poder
são reconfiguradas. Na parte final, discutem as transformações com que a escola
se debate, dilemas sutis surgem quando se vê na educação escolar um mecanismo
emancipatório. Projetos em que se configuram uma proposta do “Nós” para “Eles”,
em que os “Eles” resistem por opção, esmagam educadores e políticos. O “Estado
em rede” e a “escola reclamada” funcionam ao mesmo tempo como um conjunto de
ameaças e possibilidades.
No artigo “Educação especial, inclusão e política
educacional: notas brasileiras”, Júlio Romero Ferreira, doutor em educação e
professor da Universidade Metodista de Piraciaba, dirige um olhar retrospectivo
à questão da educação especial a partir da década de 1970. Esse olhar é também
problematizador ao realizar um balanço parcial das políticas desenvolvidas,
além de focalizar a educação escolar das crianças e dos jovens com deficiência.
Revê o discurso da integração e os serviços oferecidos a partir da década de
1970; depois, com a abertura democrática dos anos 1980, situa as reformas
educacionais, entre elas a criação dos ciclos, no intuito de reduzir o fluxo de
aluno das classes comuns para as classes especiais. Destaca o momento
significativo da Constituição Federal de 1988, em que grupos historicamente
excluídos ganharam força e proteção. E a década de 1990, em que reformas
educacionais encaminhadas por organismos internacionais e caracterizadas pelo
discurso da “Educação para Todos”, tornaram-se medidas que aceleraram o
processo de municipalização do ensino fundamental e ampliaram a construção de
escolas inclusivas. O autor mostra por meio de quadros e tabelas os principais
documentos; o acesso e o número de matrículas em escolas especiais e em escolas
comuns dos alunos com deficiência na rede estadual e municipal, e na escola
privada no Brasil, de 1998 a 2003, além de identificar o tipo de deficiência e
faixas etárias. Os dados são muito interessantes e permitem, pelo cenário
construído, uma discussão profunda quanto às políticas implementadas.
O artigo “O arco-íris e o fio da navalha –
problemas em face das diferenças: um olhar crítico, uma proposta de análise”,
de Luiza Cortesão, pesquisadora e professora da Universidade de Porto, é
construído por meio de duas metáforas em que o arco-íris simboliza uma situação
de preocupação e intranqüilidade, mas oferece também esperança; já o fio da
navalha, segundo a autora, poderá acentuar a vertente da dificuldade, do risco
que comporta cada passo dado e cada iniciativa. Estas metáforas representam o
equilíbrio e a ousadia que ora tombam para um lado, ora para outro. Por meio
dessas metáforas, a autora discorre sobre a complexidade e os riscos que
acompanham os trabalhos educativos desenvolvidos em contextos multiculturais.
Acredita restar à educação um “estreito” espaço de autonomia e emancipação,
mesmo que funcione como mecanismo de reprodução social. O panorama educacional
português mostrado pela autora é atribuído a uma heterogeneidade de alunos
bastante discriminados, decorrente dos meios rurais e do processo de
descolonização de migrantes de ex-colônias portuguesas, sendo possível, em um
trabalho recente da autora com outros colaboradores, assinalar 93 línguas
diferentes faladas nas escolas portuguesas. Dessa maneira, os educadores
confrontam-se com dificuldades de compreender e lidar com alunos tão diferentes
no cotidiano. Uma proposta que tem sido defendida por alguns educadores
refere-se ao “bilingüismo cultural”; contudo, a autora aponta que o bilingüismo
pode constituir simbolicamente uma ponte entre cultura dominante e cultura
minoritária e, por outro lado, irá exigir dos grupos minoritários um esforço
acrescido no processo de aprendizagem. Diante desta constatação, questiona,
como o fio da navalha, se isso constitui uma contribuição para que aconteça
comunicação “crítica” entre alunos e escola freqüentada por eles. A autora
levanta alguns enunciados que constituem um conjunto de preocupações teóricas
com a diversidade. E depois, ainda trabalhando com a idéia do fio da navalha,
discorre sobre um projeto pedagógico ambicioso e contra-hegemônico por
intermédio de um quadro com quatro paradigmas da teoria social que tem como
base o quadro de análise proposto por Burrell e Morgan, no qual a autora situa,
por meio de outra análise referida por Magalhães e Stoer no estudo de
“excelência acadêmica”, a tentativa de clarificar as posições que vêm assumindo
com a educação em face da diversidade, mantendo a tensão entre pedagogia e
performance.
Outro artigo bastante interessante é “Participação
social e cidadania ativa das crianças”, assinado por Manuel Jacinto Sarmento,
Natália Fernandes e Catarina Tomás. Nesse estudo, retratam a representação
histórica da infância em que durante décadas se legitimou a idéia da
transitoriedade e da dependência. Cada instituição – como a educativa, familiar
e jurídica – consolidou um discurso em torno da infância. No que tange às
políticas públicas, a conceituação da infância oscila entre as concepções
liberais e familiaristas com a variante liberal. E mesmo com todas as
transformações positivas quanto ao atendimento materno-infantil, na promoção de
processos de escolarização e educação, na abertura de espaços para abrigo e
acolhimento das crianças, além da participação infantil, relatórios confirmam
que a situação das crianças em termos globais é complexa e muitos compromissos
permanecem descumpridos porque a agenda da infância não é ainda considerada uma
prioridade política, econômica e social. Os autores consideram que ouvir a voz
das crianças não é um princípio da ação adulta, uma generosidade, mas uma
condição política em que se estabelece um “diálogo intergeracional de partilha
de poderes”. A cidadania da infância é uma possibilidade de uma utopia
coletivamente construída, e a escola é o lugar de afirmação das crianças como
sujeitos sociais que desempenham coletivamente como alunos e, nesse sentido,
implica o respeito, a igualdade de participação que é por onde a educação
inclusiva vai centrar-se.
Em outra perspectiva, que difere da de Fátima
Denari, Soraia Napoleão Freitas, professora da Universidade de Santa Maria-RS,
vai também retomar a discussão da formação do professor, o que tem sido o
núcleo central de suas preocupações e de sua experiência profissional.
O seu artigo intitulado “A formação de professores
na educação inclusiva: construindo a base de todo processo” analisa à luz da
abordagem históricocultural o processo de inclusão. Observa que a atenção
educacional para as pessoas com deficiência foi considerada uma novidade no
século XVII, mas somente no século XX foi incorporada pelas políticas públicas,
tornando-se obrigatória. Considera que a formação que os professores dispõem
hoje no Brasil não contribui para que seus alunos se desenvolvam como pessoas,
tenham sucesso nas aprendizagens e ainda participem como cidadãos da sociedade
do conhecimento. Em seu ponto de vista, na formação do professor de modo geral,
seja educador especial ou de classe comum, devem estar incluídos programas e
conteúdos que desenvolvam competências de um profissional intelectual de forma
que atue em situações singulares. Adverte ainda que os cursos de formação já
trazem consigo uma idéia preconcebida de aluno, reforçando a idealização do
professor ao escolher um “aluno-padrão” como ideal. Dessa forma, acaba por
contribuir para uma prática excludente na escola. Dimensões essenciais a serem
garantidas na formação do professor rompem com essas representações. Por outro
lado, considera importante discutir questões relativas à função social da
escola, enfatizando a importância de seu trabalho, considerando a diversidade e
a heterogeneidade dos alunos e a complexidade da prática escolar. Ao pensar em
uma política educacional apresenta dois questionamentos: um, como se dá o
conhecimento humano e, em uma perspectiva socioconstrutivista baseada em
Vygotsky, acredita que a transformação do indivíduo se processa por intermédio
das relações inter e intrapessoais que se
estabelecem reciprocamente mediada pela linguagem, onde as interações
dialógicas constituem espaço privilegiado para se processar o conhecimento. Já
o outro questionamento refere-se às estratégias a serem adotadas pela escola
inclusiva. Adota uma linha de pensamento, na qual o professor, diante da
reflexão na e sobre a ação em sala de aula, refaz sua prática.
Considera que o professor pela própria natureza de
seu trabalho como um profissional que atua nas relações sociais, como gestor de
sua prática, precisa ser capaz de administrar um conjunto de relações
interpessoais, muitas vezes marcadas por conteúdos afetivos.
“O direito de ser, sendo diferente, na escola”,
assinado pela pedagoga e doutora em educação e também coordenadora do
Laboratório de Estudos e Pesquisa em Ensino e Diversidade (Leped) da Unicamp,
Maria Teresa Eglêr Mantoan, traz um olhar sobre a escola que temos e como está
organizada: divisão do currículo em disciplina, seriações, modalidade de
ensino, hierarquias de conhecimento que são transmitidas como verdades prontas
e imutáveis. Com este perfil, a inclusão traz um forte impacto e encontra
barreiras para quem pretende inovar a escola. A autora atribui essa lógica da
organização escolar ao formalismo do pensamento científico moderno. A inclusão,
na visão da autora, é transgressora e democrática. Ao longo do artigo, ela
discorre sobre a escola que se pretende e sobre os avanços na legislação. E
conclui que não há regra para essa escola, mas é preciso vencer os desafios que
o conservadorismo impõe.
O artigo “Inclusão x exclusão no Brasil: reflexões
sobre a formação docente dez anos após Salamanca”, de Windyz B. Ferreira,
coordenadora do projeto de formação docente Educar na Diversidade do
Ministério da Educação do Brasil, retoma a discussão sobre a formação docente
com outro olhar. A autora observa como tem sido crescente, nos últimos quinze
anos, a preocupação com a formação docente, tornando-se uma prática promovida
no campo da educação, com a realização de cursos que podem ter de quatro a 360
horas ou mais de duração. De forma muito interessante, aborda a inadequação da
expressão “formação continuada” para professores em exercício, com experiência
e conhecimentos adquiridos em campo. Propõe o desenvolvimento e o
aperfeiçoamento das práticas docentes em serviço, levando-se em conta o perfil
e o conhecimento que os professores já possuem e as possíveis características
do novo perfil do professor para a inclusão.
No artigo “Dez anos de Salamanca, Portugal e os
alunos com necessidades educativas especiais”, de Luís de Miranda Correia,
professor do Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho.
Inicialmente, retoma os chavões usados em educação, tais como “todos temos
necessidades educativas especiais”, “todos somos especiais”, “celebremos a
diferença”, “inclusão é para todos”, entre outros, que servem para indicar como
um conjunto de conceitos estão sendo tratados e/ou maltratados em Portugal. Em
torno do termo “sucesso”, comenta a possibilidade de se maximizar o potencial
do aluno. Defende a “inclusão progressiva” e propõe modelos, diferenciando o
modelo da integração do modelo da inclusão, do modelo para atendimento da
diversidade. E finaliza com um conjunto de questões relevantes com suas
respectivas respostas.
O penúltimo artigo “Incluir, sim, mas onde? Para
uma reconceituação sociocomunitária da escola pública”, de João Barroso,
professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade
de Lisboa, tem como objetivo retomar a defesa dos valores da escola pública,
pois a inclusão encontra-se indissociavelmente ligada à escola pública. Em um
primeiro momento, reconhece a importância de se promover a escola pública como
modelo de inclusão e enfatiza a regulação das políticas e o papel que o Estado,
os professores, os pais dos alunos e a sociedade em geral têm nesse processo. A
partir disso, discorre sobre o sentido da palavra “comunidade” como superação
do que é posto pela sociedade neoliberal. E em um segundo momento, o autor
discorre sobre a perda do sentido da escola e a necessidade de reconceitualização
da escola pública e o reforço da dimensão local da escola por meio da
organização para se tornar espaço público autônomo.
O último dos doze olhares encerra-se com o artigo
do organizador desta coletânea, David Rodrigues, que é professor da
Universidade Técnica de Lisboa e coordenador do Fórum de Estudos de Educação
Inclusiva. Seu artigo “Dez idéias (mal)feitas sobre a educação inclusiva” trata
da contradição entre a legislação e a prática das escolas por meio do discurso
da inclusão. E para analisar algumas idéias já elaboradas e disseminadas entre
professores e comunidades educativas, organiza as afirmações em cinco grupos
temáticos: valores, formação de professores, recursos, currículo e gestão da
sala de aula.
A leitura desta coletânea com olhares tão diversificados
e pontuados em questões que são cerne da educação inclusiva proporciona ao
leitor uma dimensão complexa e desafiadora, em que a educação inclusiva se
encontra. Ao mesmo tempo, indica possíveis caminhos a serem alcançados pelos
que estão na luta de pensar e promover a educação inclusiva. Mas esta obra só
fará sentido se profissionais que estão voltados para educação inclusiva, em
sua leitura, buscarem, a partir do que já foi posto, confrontar o que foi lido
com sua realidade e depois realizar novos questionamentos. A leitura deste
livro é imprescindível para aqueles que estão em processo de formação ou já
atuando na educação, assim como para aqueles profissionais de outras áreas que
se interessam pela temática, no intuito de buscarmos uma educação escolar
melhor.
RODRIGUES, David (Org.). Inclusão
e educação: Doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo: Summus,
2006.
Resenha: Karla Suzane de Oliveira*
Graduada em Letras e
Fonoaudiologia pela Universidade Católica de Goiás; Fonoaudióloga do
Centro Estadual de Apoio ao Deficiente – CEAD-GO; mestranda em Educação
na Universidade Federal de Goiás.] E-mail:
karlasuoliveira@hotmail.com
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