AS BASES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO LÚDICA
A Ludicidade e a formação do educador
Quanto mais o educador vivenciar sua
ludicidade, maior será a chance deste profissional trabalhar com a criança de
forma prazerosa.
Objetivo
• Proporcionar aos educadores
vivências lúdicas, experiências corporais, que se utilizam da ação, do
pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora.
FUNÇÃO LÚDICA - BRINCAR LIVRE
FUNÇÃO EDUCACIONAL - BRINCAR
DIRECIONADO
Jogo, brinquedo e brincadeira
• Jogo – caracterizado pela
presença de regras, mas a imaginação coloca à disposição de seus participantes
a possibilidade de modificá-las de acordo com necessidades e interesses.
• Brinquedo – Objeto que atende à
função lúdica possibilita momentos de brincadeira ou de jogo.
• Brincadeira – inicia pela
imaginação e não tem intencionalidade na ação. A regra se faz necessária para
organizar os conflitos sociais e cognitivos surgidos.
A FUNÇÃO EDUCACIONAL DA LUDICIDADE
Ludicidade na educação
• Segundo Almeida (2004), o
processo de construção do saber por meio do jogo como recurso pedagógico ocorre
porque, ao participar da ação lúdica a criança:
- estabelece metas;
- constrói estratégias;
- planeja.
Ludicidade na educação
• Valorização dos diferentes
estilos de aprendizagem.
• Valioso recurso pedagógico.
• Desenvolve a cognição, a
afetividade e a socialização das crianças.
• Valorização dos diferentes
estilos de aprendizagem.
• Valioso recurso pedagógico.
• Desenvolve a cognição, a
afetividade e a socialização das crianças.
Situação-Problema
Será que ensinar por meio da ludicidade
sempre dá certo ou apresenta algumas dificuldades?
Quais seriam elas e como enfrentá-las?
•Assim como toda aprendizagem, o jogo
também evoca problemas e necessidades de superação;
• Planejamento;
•Estudo constante;
•Reflexão sobre a prática
• A brincadeira é mais do que “passatempo”
sendo necessária para o desenvolvimento e aprendizagem da criança, quando
brinca a criança demonstra:
- Domínio da linguagem simbólica;
- Articulação entre a imaginação e a
imitação da realidade; (RCNs)
• A brincadeira favorece a
auto-estima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas
aquisições de forma criativa. (RCNs)
• Brincar contribui, assim, para a
interiorização de determinados modelos de adulto;
• Essas significações atribuídas
ao ato de brincar transformam-no em um espaço singular de constituição
infantil.
O LÚDICO E O JOGO NA EDUCAÇÃO
Estudos realizados por Kishimoto
apontam que nem sempre o brinquedo satisfaz a criança. KISHIMOTO (2008)
Retomando as diferenças entre jogo,
brinquedo e brincadeira segundo Kishimoto.
Os jogos de faz de conta são
fundamentais para o processo de ensino e aprendizagem, pois possibilitam as
crianças:
• o desenvolvimento do pensamento
simbólico;
• auxiliam no desenvolvimento
emocional.
A cultura de determinado grupo social
determina é e determinada pelos jogos, brinquedos e brincadeiras.
A boneca permite a criança várias
formas de brincadeiras... O brinquedo estimula a representação, a expressão de
imagens, que evocam aspectos da realidade. Ao contrário, jogos como o xadrez e
de construção exigem o desempenho de certas habilidades tendo em vistas regras
preexistentes.
O LÚDICO COMO RECURSO PEDAGÓGICO
DIRECIONADO AS ÁREAS DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
As contribuições de Vygotsky
O jogo propicia interações e atua na
zona de desenvolvimento proximal, possibilitando à criança vivenciar situações
que a levam a comportamentos além dos habituais. (RAU, 2001, p.97)
As contribuições de Vygotsky
0 a 3 anos – manipulação de objetos – o
objeto se sobrepõe ao seu significado;
4 a 6 anos – vivencia de papéis – o
significado se sobrepõe ao objeto;
O jogo no ambiente escolar:
• estimula o desenvolvimento
cognitivo, afetivo, motor, social entre outros;
• foco no planejamento: organizar
o espaço físico, refletir sobre os objetivos a serem atingidos para a escolha das
situações-didáticas a serem desenvolvidas.
O jogo no ambiente escolar
• A sala de aula é um espaço
privilegiado, porém outros espaços como a Brinquedoteca poderão ser utilizados
para a diversificação das possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem.
A CULTURA LÚDICA PARA ALÉM DA PRÁTICA
NA ESCOLA
Cultura Lúdica
Conjunto de procedimentos que torna o
jogo possível;
Dispor de uma cultura lúdica é dispor
de um certo número de referências que permitem interpretar como jogo atividades
que poderiam não ser vistas como tais por outras pessoas.(BROUGÈRE, 1998).
Varia de acordo com a cultura em que
está inserida a criança e sua cultura lúdica. As culturas lúdicas não são
(ainda?) idênticas no Japão e nos Estados Unidos. Elas se diversificam também
conforme o meio social, a cidade e mais ainda o sexo da criança.
(BROUGÈRE, 1998).
No campo educacional Moyles (2002)
apresenta a necessidade de proposição de um currículo lúdico, que
considere o jogo um recurso pedagógico privilegiado.
O jogo como recurso pedagógico implica
planejamento e previsão de etapas por parte do professor, para alcançar
objetivo predeterminados. (RAU, 2011, p.145)
As situações promovidas por meio de
brincadeiras precisam ser discutidas, analisadas e trabalhadas pelo professor
para que possam propiciar a formação de conceitos específicos. (RAU, 2011,
p.145)
A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO LÚDICO NA
EDUCAÇÃO
Os jogos tem um papel importante no
processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança e poderão ser
classificados conforme diferentes aspectos, assim temos:
1. Jogos educativos;
2. Jogos de regras;
3. Jogos recreativos;
4. Jogos tradicionais;
5. Jogos cooperativos;
Jogos Educativos
Situações lúdicas elaborados pelos
adultos com o objetivo de estimular aprendizagens específicas:
- O cachorro e o osso;
- Guiando um cego;
- Percurso das formas;
- Estátua dançante.
Jogos de Regras
Proporciona a construção de limites por
parte da criança e seu contexto social e educativo.
- Bola ao túnel;
- Queimada;
- Acusado;
- Corrida de canguru;
Jogos Cooperativos
Jogos nos quais todos cooperam e
ganham, fortalecendo o vínculo entre o grupo.
- Jogo da cadeira vazia;
- A galinha e os pintinhos;
- O jogo da serpente;
- Coelho sai da toca.
Jogos Tradicionais
Situam-se no contexto mais amplo da
cultura e do folclore.
- Amarelinha;
- Peteca;
- Cabra cega;
- Morto Vivo
O PAPEL DO JOGO E DA BRINCADEIRA NO
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
Movimento
Henri Wallon, importante estudioso
acerca do desenvolvimento humano, destaca que o movimento corporal humano não é
apenas deslocamento voluntário do corpo ou de partes do corpo.
Nesse sentido o movimento corporal
humano não pode ser dissociado das dimensões afetivas, cognitivas e sociais.
Essa integração das diferentes
dimensões da pessoa pode ser observada em diversas situações, tais como:
- Realizando algo inesperado diante de
uma situação de forte emoção;
- Realizando um movimento corporal
novo;
- Construindo conceitos abstratos;
LIMONGELLI(2004)
Nas brincadeiras as crianças
transformam os conhecimentos que já possuíam em conceitos gerais com os quais
brincam. Resinificam objetos e emoções, transpondo-os para aprendizagens
cognitivas mais elaboradas; exercita a linguagem, adquirindo e ampliando o
vocabulário. (RAU, 2011)
O espaço escolar deve ser organizado
visando a aspectos simbólicos em um ambiente lúdico, rico e dinamizador, a
maneira como a criança é acolhida e o ambiente no qual ela é inserida são tão
ou mais importantes que a complexidades das atividades utilizadas. (RAU, 2011)
Assim os materiais e as situações
deverão ser diversificadas, tais como:
- Bolas e balões de diferentes
tamanhos;
- Pedaços de madeira ou de plástico
- Estimular o bebê a ficar em pé com
apoio;
- Cantigas de roda;
- Correr e saltar.
BRINQUEDOTECA: ESPAÇO ESSENCIAL PARA
O EDUCANDO
Brinquedoteca
Espaço preparado para estimular a
criança a brincar, possibilitando o acesso a uma grande variedade de
brinquedos, dentro de um ambiente especialmente lúdico. FRIEDMANN(1996)
Objetivos
- Valorizar os brinquedos e as
atividades lúdicas e criativas;
- Possibilitar o acesso a variedade de
brinquedos;
- Emprestar brinquedos;
- Possibilitar que as crianças brinquem
espontaneamente;
- Criar um espaço de convivência;
FRIEDMANN(1996)
Montagem e organização
- Sala ampla, arejada e iluminada;
- Seleção e organização dos brinquedos;
- Exemplo:
Cantos de acordo com determinados
temas:
1. Casinha;
2. Mercado
3. Fantasias;
4. Leitura;
5. Artes.
Papel do Professor
- Montar seu próprio espaço lúdico;
- Participar da brincadeira apenas
quando convidado;
- Observador;
- Mediador das ações;
- Análise e reflexão sobre as situações
de brincadeiras com vistas a aperfeiçoar sua ação Didática.
Importância da observação e do registro
Sagacidade do professor para “ler” seu
aluno – sua tonicidade, seu olhar, seu cansaço, sua atenção, seu interesse – a
partir da análise destes indicadores descobrir o porquê desta situação e
interpretar o papel que está desempenhado como professor. ALMEIDA (2005, p.
137)
Situação-Problema
- Quais os desafios e possibilidades
para a organização de uma Brinquedoteca no espaço escolar?
Video: TV Conecta BH - Escola encanta
crianças com Brinquedoteca. Disponível em: http://youtu.be/yqXk44PAblU
Situação-Problema
- Autores como Friedmann (1998) já
apontaram que nos tempos atuais as crianças estão brincando menos em comparação
com as crianças de 50 anos atrás.
Quais os fatores que contribuíram para
a diminuição das brincadeiras infantis?
JOGOS E BRINQUEDOS NA EDUCAÇÃO
O educando, ao aprender, conta com a
integração entre as áreas:
• sensorial;
• cognitiva;
• motora;
• afetiva;
• social.
A inclusão de jogos e brincadeiras no
processo de ensino e aprendizagem facilitará a integração destas diferentes
áreas.
As relações possibilitadas pelos
jogos RAU(2011,
p.117)
Relações sociais:
As jogadas apresentam diferentes
combinações que são estimuladas no sujeito com base nas interações com o outro.
Relações espaciais: ocorre por meio da demarcação de
espaços, que simulam ruas, cidades, distâncias, lados, posições e
deslocamentos, espaço topológico.
Relações lógicas: ocorrem na elaboração de estratégias,
articulação de jogadas e observação de boas e más jogadas.
Relações psicológicas: são trabalhadas nas relações que
envolvem o perder e o ganhar, admirar o adversário, cooperação, entre outras.
Relações matemáticas: junções, separações, bijeções,
problematizar, raciocinar.
Ciências físicas e naturais: estimula a construção de um sistema de
pesquisa, observação, de percepção dos fenômenos da vida e da natureza.
Linguagem: o jogo possui um sistema de códigos em
suas regras e nas suas interações que lhes são permitidas, apontando as
estruturas lexicais e gramaticais.
A CULTURA LÚDICA EM PRÁTICA: ENSINAR,
BRINCAR, INTERAGIR
Como identificar a presença da dimensão
lúdica nas situações didáticas?
É necessário que o educador possua
indicadores para inferir sobre a presença ou não da ludicidade nas situações
didáticas.
Prazer funcional
Desperta o interesse em ser realizada
novamente?
É clara, simples, e direta (precisa). É
realizável em seus tempos, desafiadora, constante na forma e variável no
conteúdo, surpreendente e lúdica. (MACEDO, 2005)
Desafio e surpresa
Desafiador – algo que nos “pega” de
surpresa!
Surpreendente – não é possível
controlar todo o resultado, que algo tem sentido de investigação, de
curiosidade, de permissão para a pessoa dizer o que pensa ou sente, de
expressar suas hipóteses. (MACEDO,2005)
Possibilidades
Não se realizam tarefas impossíveis!
As crianças precisam dispor de recurso
internos e externos para realizar esta tarefa.
Internos – Habilidades e Competências
Externos – Objetos, Espaço, Tempo,
Pessoas. (MACEDO, 2005.)
Dimensão Simbólica
O Simbolismo Lúdico significa que
aquilo que se faz tem um correspondente, qualquer que seja ele, para a criança.
(MACEDO, 2005)
Expressão Construtiva
Uma construção supõe ao mesmo tempo a
consideração do conjunto de relações ou pontos de vista que a constituem, e uma
referência ou direção. (MACEDO, 2005.)
Referência
RAU, Maria C.T.D.A. A Ludicidade na
Educação. 1ª ed. Curitiba: IBPEX - Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e
Extensão, 2011.
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