Segundo Perrenoud, a prática pedagógica deve
considerar o educando, colocando-o no centro processo pedagógico, estimulando-o
a partir de situações-problema encontradas no cotidiano para o desenvolvimento
de competências e o aprimoramento de conhecimentos necessários à formação para
a cidadania.
Se o objetivo principal da escola é a aprendizagem,
é preciso valorizar a didática, o ensino, para que nossos alunos possam
aprender a construir o conhecimento. Entendendo a aprendizagem numa perspectiva
sócio-histórica, na visão de Vygotsky, a aprendizagem ocorre na interação com
outros, mediada por ferramentas histórico-culturais significativas para o
sujeito que interage. A escola precisa se apropriar das ferramentas como as
TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), que têm significado para os
alunos, porque a linguagem foi construída no contexto histórico ao qual eles
pertencem e pode facilitar a comunicação entre eles e professores, entre eles e
o mundo.
A utilização das TICs como ferramenta mediadora na
ação cognitiva de pessoas que passam a utilizá-las como ferramenta cultural, é
pouco explorada nas escolas. O professor, ao utilizar o computador na interação
com seus alunos, passa a ser visto como alguém próximo deles, que fala a mesma
linguagem, que entende a cultura de sua geração. A criação de uma rede digital
na qual os jovens se identificam, pode amenizar problemas de ordem cognitiva,
emocional e afetiva do aluno com relação ao professor e ao aprendizado.
Percebemos isso concretamente em nosso dia-a-dia no interior das escolas, nos
casos de violência, no desinteresse de alunos e professores, em exames
nacionais que quantificam o fracasso da aprendizagem e apontam como grande
culpado o professor mal preparado.
As TICs podem desenvolver um papel importante para
romper com esse formato de escola, fazem parte dos problemas diários
enfrentados pelo professor progressista, comprometido em transformar a
sociedade individualista e competitiva por outra, com relações cooperativas e
solidárias.
Esse trabalho é, na maior parte do tempo,
angustiante e solitário, mas desafiador e estimulante.
Ao analisar esse contexto profissional, podemos
entender o que Perrenoud e Tardiff chamam de resistência dos professores à
formação, ao estudo de novas práticas e à aceitação de novas tecnologias no
ambiente escolar. O professor não se sente parte do processo de mudança da
escola, porque os modelos pedagógicos não são construídos pelos professores,
geralmente são colocados para serem seguidos como roteiros.
É necessário apontar também os fatores políticos e
sociais que afetam diretamente os professores, como mudança de escolas, de
gestores, de secretários da educação e política educacional, além da perda
salarial que leva muitos professores a encararem a educação como um “bico” em
sua vida profissional.
PERRENOUD, P. Dez novas competências para
ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000
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